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Notícias Junho - 2025

Tensão entre EUA e Irã pode elevar custos de diesel, frete e fertilizantes no Brasil

Alerta no agro

A escalada militar no Oriente Médio atingiu um novo patamar neste sábado (21), com a entrada oficial dos Estados Unidos no conflito entre Israel e Irã. O impacto geopolítico desse movimento já é sentido nos mercados internacionais, principalmente no setor de energia, e acendeu um alerta vermelho para o agronegócio brasileiro. O principal temor agora é o fechamento do Estreito de Ormuz, um dos corredores marítimos mais estratégicos do mundo, por onde transita cerca de 20% de todo o petróleo comercializado globalmente.

O governo norte-americano confirmou a realização de ataques aéreos contra três instalações nucleares em território iraniano, selando seu envolvimento direto na guerra. Em resposta imediata, parlamentares iranianos ameaçaram bloquear o Estreito de Ormuz caso os interesses do país sejam novamente atacados. Essa possível interrupção do tráfego marítimo na região já começou a gerar impactos nos preços internacionais do petróleo e derivados petroquímicos.


Por que o agro brasileiro está em risco?
Mesmo geograficamente distante, o agronegócio brasileiro é altamente dependente de insumos e matérias-primas que circulam por rotas comerciais internacionais. O Estreito de Ormuz, localizado entre Omã e Irã, é uma via obrigatória para a exportação de petróleo do Golfo Pérsico, além de ser rota de transporte de fertilizantes nitrogenados e gás natural liquefeito, produtos essenciais para a produção agrícola.

Os principais riscos para o Brasil incluem:


1. Disruptura logística global
O fechamento do Estreito de Ormuz obrigaria os navios cargueiros a adotar rotas alternativas, muito mais longas e caras. Isso impactaria diretamente o frete marítimo, elevando os custos de importação de fertilizantes, combustíveis e outros insumos agrícolas. Vale lembrar que o Brasil é um dos maiores importadores de fertilizantes do mundo, com dependência significativa de países produtores localizados no Oriente Médio.


2. Alta nos preços dos combustíveis e fertilizantes
Com a tensão crescente na região, o preço do petróleo tipo Brent já começou a registrar altas expressivas. Analistas internacionais não descartam que o barril ultrapasse os US$ 100 nas próximas semanas caso o bloqueio de Ormuz se concretize. Para o produtor rural brasileiro, isso significa aumento imediato nos custos com diesel, transporte de grãos e também nos preços dos fertilizantes nitrogenados, cuja produção depende fortemente do gás natural.

É importante lembrar que o setor agrícola brasileiro já enfrentava alta nos custos de adubos e defensivos agrícolas, principalmente após as sanções internacionais à Rússia e os gargalos logísticos gerados pela pandemia e outros conflitos recentes.


3. Pressão sobre as margens de lucro do produtor
O aumento dos custos logísticos e de insumos pode gerar forte pressão nas margens de lucro dos produtores rurais. Culturas como soja, milho e cana-de-açúcar, todas altamente dependentes de ureia e outros fertilizantes nitrogenados, tendem a ser as mais impactadas. Especialistas alertam que a próxima safra poderá enfrentar um cenário de custos recordes, num momento em que o produtor brasileiro já convive com incertezas climáticas e dificuldades de acesso a crédito.


4. Instabilidade cambial e inflação no Brasil
Além dos efeitos diretos sobre o agro, o conflito também pode desencadear um movimento de desvalorização do real frente ao dólar. A aversão global ao risco aumenta a busca por ativos mais seguros, como o próprio dólar, o que tradicionalmente enfraquece moedas de países emergentes. Isso tende a elevar ainda mais o custo das importações agrícolas e pode gerar pressão inflacionária interna.

O Banco Central do Brasil e o governo federal já monitoram de perto o cenário internacional, mas até o momento não anunciaram medidas concretas para mitigar os impactos no setor produtivo.


O agro brasileiro e a vulnerabilidade geopolítica
A entrada dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Irã transformou uma crise regional em uma ameaça de escala global. A possibilidade de interrupção das rotas comerciais via Estreito de Ormuz expõe a vulnerabilidade do agro brasileiro diante de choques externos. Mesmo com altos índices de produtividade e tecnologia no campo, o Brasil ainda é refém de uma cadeia logística mundial frágil e sujeita a tensões políticas e militares.

Em momentos de instabilidade global, o planejamento estratégico e a capacidade de resposta rápida tornam-se fatores essenciais para garantir a competitividade e a resiliência do agronegócio brasileiro.

O produtor rural precisa estar atento aos desdobramentos do conflito, buscar alternativas de suprimento de insumos e avaliar com cautela o gerenciamento de riscos para as próximas safras. Da mesma forma, é fundamental que o governo brasileiro atue de forma preventiva para garantir a segurança logística e minimizar os impactos para o setor que é responsável por quase um terço do PIB nacional.

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